Escleroterapia com OZÔNIO funciona?
Ozônio na veia dos outros é refresco (ou embolia pulmonar?)
Filipe Damasceno // 28 de Agosto de 2022
Olá! Tudo bem com você? Recentemente (mas nem tão recentemente assim) tem surgido cada vez mais ofertas e anúncios de tratamentos diversos que usam ozônio como base do tratamento.
Uma dessas aplicações do ozônio seria para supostamente tratar varizes, realizando a injeção de ozônio na forma gasosa diretamente nos vasos doentes. Quase como se fosse uma escleroterapia que ao invés de injetar medicamentos esclerosantes se injeta o ozônio.
Mas ao fazer isso tem uma série de poréns aos quais você deve estar atenta.
Então fica aí que hoje eu vou falar sobre essa modinha de escleroterapia com ozônio. Funciona? Pode dar ruim? Quais perigos você pode estar se submetendo ao realizar aplicação com ozônio em vasos? Vamos lá?!
O que é isso de ozônio?
A ozonioterapia, ou terapia com ozônio é uma modalidade terapêutica que consiste em administrar o ozônio em determinadas partes do corpo na intenção de melhorar a oxigenação dos tecidos, aumentar a imunidade e aliviar certos tipos de dores crônicas.
O ozônio nas condições normais é um gás, e a administração desse gás geralmente é feita através de injeção no músculo ou nas articulações. Em alguns casos pode ser admininstrado também por via retal, vaginal e outros mais (use a sua imaginação).
A terapia com ozônio é indicada somente como um tratamento alternativo, isso quer dizer que ela não substitui o tratamento convencional. Ou seja, não é aconselhado você abandonar seu tratamento do que quer que seja e colocar todas as fichas no ozônio.
Se alguém orientar você nesse sentido, talvez já seja o caso de desconfiar e ficar alerta. Você pode estar colocando sua saúde em risco!
O que o ozônio potencialmente faz?
O ozônio, como eu já disse, em sua forma normal, é um GÁS composto por 3 moléculas de oxigênio (O³). Ou seja, é um oxigênio “bombado”, já que o oxigênio são duas moléculas (O² – que na verdade é o DIoxigênio mas nós chamamos só de oxigênio pra ficar mais fácil). Portanto, o ozônio tem uma molécula a mais de oxigênio.
Com isso nós em teoria melhoraríamos a oxigenação e teríamos outros benefícios que essa “oxigenada” levaria.
Por exemplo, melhorando problemas respiratórios (faz sentido!), reforçando o sistema imunológico, auxiliando no combate a infecções e reduzindo a agressão de algumas doenças autoimunes, reduzindo doenças e dores musculares e ósseas.
Existem estudos que sugerem ainda ajuda no tratamento de alguns tumores e até no tratamento do HIV!!
Mais uma vez lembrando: o ozônio deve ser usado apenas como tratamento alternatuvo ou conjunto com o tratamento tradicional. Ninguém deve abandonar os tratamentos que já tem benefício comprovado, ao contrário do ozônio, PELO AMOR DE DEUS!
Nem tudo são flores. Fique atenta com ozônio
Existe uma grande questão aqui sobre a terapia com ozônio. Quando se trata de saúde, em medicina nós pregamos sempre pela segurança em primeiro lugar.
Quase todas as sociedades médicas e conselhos de medicina tem um pé atras com tratamentos experimentais, em fase experimental, pelo menos até que estudos aprofundados validem a eficácia e, principalmente, a segurança dos métodos novos.
Esse é exatamente o caso da ozonioterapia, ou terapia com ozônio: até a data desse artigo não existe comprovação científica de que funcione ou traga benefício ou plena segurança em qualquer situação que seja.
Mas eu não vou entrar em polêmicas de áreas que não são a minha praia. Eu não trabalho com ozônio, e na vardade eu não sei nada sobre ozônio e tudo que eu falei aqui tive que estudar pra trazer pra vocês.
Eu apenas sigo as orientações e diretrizes das mesmas sociedades médicas que eu falei antes e do meu conselho de medicina. E o entendimento geral desses é o seguinte:
“De acordo com a Resolução CFM nº 2.181/2018, trata-se de procedimento ainda em caráter experimental, cuja aplicação clínica não está liberada, devendo ocorrer apenas no ambiente da estudos científicos”.
Esse é um pedacinho de uma nota de esclarecimento divulgada pelo Conselho Federal de Medicina. A nota de esclarecimento na íntegra você confere nesse link aqui abaixo:
https://portal.cfm.org.br/images/PDF/2020_nota_ozonioterapia.pdf
E vou deixar também o link para a diretiz da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular:
http://sbacvrj.com.br/novo/campanha-nacional-de-seguranca-na-escleroterapia-nao-se-deixe-enganar/
Mas o mais importante: você é grandinho ou grandinha e gasta o seu dinheiro da forma que quiser. Mas oficialmete nós médicos não devemos prescrever ou orientar ozonioterapia.
Que história é essa de escleroterapia com ozônio?
Como eu já disse, eu não tenho nada com ozônio e não trabalho com ele.
Mas se tem alguma coisa que eu entendo e que eu tenho autoridade pra falar essa é sobre o tratamento de veias e varizes, então nessa eu vou dar a minha opinião.
Questionamento 1: sem tratar a causa não existe resultado prolongado
Eu já fiz um outro artigo onde eu explico mais sobre o que eu considero um dos maiores erros que você pode cometer ao realizar um tratamento de varizes e a causa do por que muitos tratamento não funcionam.
Estou falando do tratamento de vasinhos sem tratar a causa, como veias mais internas, por exemplo uma safena doente ou veias nutridoras. Tratar só os vasinhos é enxugar gelo. Confere esse artigo clicando AQUI.
Pra começar, o tratamento com ozônio faz exatamente isso, é aplicado somente em vasinhos. Por isso mesmo que os vasinhos desapareçam temporariamente, em pouquíssimo tempo eles vão voltar em outras ou até nas mesmas regiões.
Então a gente pode resumir esse primeiro ponto aqui como simplesmente POR QUE NÃO VAI FUNCIONAR!
Questionamento 2: não caia na mão de curiosos
Quando seu carro tem alguma pane, você leva no mecânico. Quando você tem um problema elétrico, chama um eletricista. E por aí vai.
Quando você tem um problema na circulação, procure um cirurgião vascular.
Absolutamente TODO cirugião vascular tem no mínimo 10 anos de formação: 6 de faculdade de medicina, 2 de especialização em cirurgia geral (pré-requisito) e 2 ou 3 se cirurgia vascular.
No mínimo 10 anos de estudo, conhecimento e abdicação para fazer aquela mínima “aplicação” da maneira correta, segura e eficaz.
Tem gente que faz um cursinho em um final de semana e quer sair aplicando coisas nos vasos de outras pessoas, sem se importar ou às vezes sem nem conhecer o que pode acontecer ao fazer isso.
Não vamos nos esquecer que estamos falando de vasos, ou seja da sua circulação, e que mesmo que os riscos sejam mínimos, eles existem.
Por isso procure um profissional médico, habilitado e experiente e que trabalhe em em consultório ou clínica com estrutura adequada para lidar com intercorrências.
Questionamento 3: eu ouvi intercorrências?
Existe um importante motivo pelo qual nós não injetamos gases na forma íntegra na circulação de ninguém, seja humano ou animal.
Caso uma partícula grande de gás seja injetada em um vaso, ela vai passear pela circulação e vai parar nos vasos dos pulmões, entupindo esses vasos como uma rolha. Exatamente da mesma forma como acontece com um trombo que se solta no caso da trombose venosa, causando embolia pulmonar. Por isso, esse evento tem o nome de EMBOLIA GASOSA.
É uma situação grave, que em casos extremos pode deixar sequelas ou levar uma pessoa à morte!
Podem acontecer ainda flebites, hematomas, contaminações, infecções e a lista continua.
Questionamento 4: o ozônio não era tudo de bom?
Para qualquer tratamento levar ao fechamento de um vaso, ele deve causar um grau de irritação ou inflamação suficiente na parede desse vaso ao ponto de ele se contrair e fazer suas paredes colabarem, ou seja, se encontrarem e permanecerem coladas.
É isso que fazem os tratamentos em que são usados medicamentos, como a escleroterapia ampliada, a terapia combinada ou a espuma, que você já viu por aqui.
Se o ozônio é essa maravilha que melhora a oxigenação, melhora a imunidade, reduz a resposta inflamatória e ajuda a tratar até câncer e HIV, por quê justamento no vaso ele vai fazê-lo desaparecer??
Eu não sei dizer. Esse é um discurso no mínimo contraditório e deve receber a sua desconfiança.
Então, não arrisque a sua saúde e a beleza das suas penas. Hoje já existem tratamentos comprovados e eficazes para eliminar as varizes e os vasinhos sem necessidade de cirurgia e sem repouso e, o mais importante, seguros e que funcionam.
Se permita receber ajuda nessa transformação. Conte com um médico vascular para o tratamento das suas varizes e viva plenamente!
E lembra: ESSA VIDA SEM VARIZES EXISTE!!
Me segue também lá no instagram @drfilipevarizes que todo dia eu posto dicas e conteúdos pra te ajudar por lá. Clica AQUI.
Espero ter ajudado e em caso de dúvida pode fazer contato comigo. Você pode encontrar meus contatos e agendamento online clicando aqui.
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Filipe Damasceno
Cirurgião Vascular Especialista em Tratamento de Varizes e Flebologia Estética. Apaixonado por família, judô e cachorros.
Cirurgião Vascular especialista em doenças Venosas e Tratamento de Varizes. Natural de Niterói, vive e atua na mesma cidade. Atualizado em diversos cursos na área de Flebologia Estética, que é a aplicação de recursos minimamente invasivos para o tratamento dos sintomas e melhora da aparência relacionados às veias e varizes. Atua em diversos tratamentos como Escleroterapia Convencional e Ampliada, Escleroterapia com Espuma, microcirurgias dentre outros.
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