Tudo que importa sobre a ERISIPELA

O que é a erisipela e como ela surge?

Antes de tudo, é preciso entender a erisipela como uma infecção, ou seja, uma doença causada pelo desenvolvimento e proliferação de alguns “agentes”, nesse caso bactérias, no interior do organismo.

Especificamente falando da erisipela, ela é uma inflamação da pele e dos tecidos abaixo dela causada pela infecção por bactérias chamadas estreptococos. Esse nome não é importante, mas saiba que muitas vezes essa bactéria vive normalmente na garganta e na pele de pessoas saudáveis.

Para a infecção acontecer primeiro as bactérias precisam penetrar a barreira da pele, que é o nosso “escudo” natural.

A penetração de bactérias no corpo acontece geralmente por uma “porta de entrada” que pode ser alguma lesão no pé ou na perna.

Pode ser uma ferida, como uma úlcera venosa, um pequeno corte ou até mesmo uma lesão mínima como uma micose ou uma frieira entre os dedos.

A partir daí, se inicia uma guerra contra o nosso sistema imunológico que vai tentar eliminá-las. Caso as nossas células de defesa não consigam contê-las, as bactérias podem proliferar na pele e nos tecidos e causar a infecção. São alguns casos a erisipela ou a celilite infecciosa.

Atenção especial em pacientes diabéticos

Pessoas com diabetes descontrolado precisam ter muita atenção a feridas nos pés. Logicamente que o mais importante é tratar o diabetes. Pessoas com diabetes perfeitamente controlado tem uma vida normal como a pessoa sem diabetes. Mas em segundo lugar, vem o cuidado com os pés.

Elas tem a sensibilidade diminuída nos pés devido destruição dos pequenos nervos pela doença, como se tivessem os pés sempre “dormentes“. Por isso, fazem feridas às vezes extensas sem perceber por não sentir dor.

Por isso é importante sempre fazer uma autoavaliação dos pés à procura de qualquer lesão e cuidar muito bem da mesma.

Além disso, esses pacientes também tem a cicatrização prejudicada. Mais um motivo para ter o cuidado redobrado.

E o que as varizes tem a ver com isso

Vamos lembrar que as varizes são veias doentes, dilatadas e incapazes de comprir adequadamente sua função de levar o sangue das pernas em direção ao coração.

Essa situação leva ao acúmulo de sangue nas partes mais inferiores das pernas. E começa um ciclo de cada vez mais congestão sanguínea e piora das varizes.

Esse sangue retido é um sangue “usado”, ou seja, sem oxigênio e cheio de resíduos do metabolismo, o resto que as células liberam para ser eliminado do corpo.

Isso leva a inchaço e inflamação dos tecidos, a mesma inflamação que vai levar ao escurecimento da pele próxima aos tornozelos, conhecida como dermatite ocre que eu já expliquei em outro artigo. Clique aqui pra ver.

A grande questão é que essa condição favorece a adesão e proliferação das bactérias. Por isso quanto mais avançado o quadro de varizes, mais risco de infecções.

Isso sem contar pacientes com úlcera varicosa (que eu também já abordei nesse outro artigo aqui), que tem uma ferida permanentemente aberta o que facilita muito a penetração de bactérias. Esses pacientes infelizmente tem quadros de infecção de tempos em tempos.

Como evitar e como tratar

Como dito antes, é importante a qualquer sinal de lesão ou ferida nos pés, cuidar muito bem da higiene da mesma.

Por isso, deve-se sempre fazer uma autoavaliação dos pés à procura de qualquer lesão e cuidar muito bem da mesma, especialmente diabéticos.

A gente sabe que os pés são a região que está mais em contato com a poeira e a sujeira do solo. Feridas que não recebem cuidados adequadamente tem maior risco de infeccionar.

Portanto, sempre manter qualquer lesão limpa e fechada com curativo até a cicatrização da mesma.

Caso essa contaminação vire uma infecção como a erisipela irá levar a sinais e sintomas bem característicos. Os sintomas de uma infecção, como causam muita inflamação, geralmente são dor, inchaço, vermelhidão e calor na região. Pode haver febre e, dependendo da região afetada, dificuldade em realizar certos movimentos.

Quando a infecção já estiver instalada é indicado procurar uma emergência ou pronto-socorro. O tratamento é feito com antibióticos, analgésicos e cuidados locais da ferida.

A erisipela pode piorar mais?

Infelizmente, pra variar, a erisipela também pode ter suas complicações.

Em alguns casos podem surgir bolhas e levar à necrose da pele e tecidos. Isso acontece com a progressão do problema, se não adequadamente tratada, ou num tipo especial de erisipela que tem uma evolução mais agressiva e rápida, chamada erisipela bolhosa.

Casos avançados podem levar também à “infecção generalizada” conhecida como sepse, com risco de morte em casos extremos.

Em alguns casos a infecção altera o funcionamento de um terceiro tipo de vasos, os linfáticos, vasos que de tão finos são quase invisíveis a olho nu. Eles transportam a linfa, uma parte líquida do sangue. Se isso acontecer pode levar a um tipo especial de inchaço chamado linfedema. Mais pra frente farei um artigo falando só sobre isso.

É sempre importante dizer que, em pacientes com varizes ou com úlcera varicosa, parte importante do tratamento é também o tratamento das varizes e da úlcera, para evitar que os episódios de infecção se tornem recorrentes ou que apareçam ainda outras complicações.

Se permita receber ajuda nessa transformação. Conte com um médico vascular para o tratamento das suas varizes e seus sintomas e viva plenamente e sem precisar se preocupar com esse problema.