Quais são as CLASSES de Varizes

Entenda como as Varizes evoluem sem tratamento

Filipe Damasceno // 06 de Abril de 2020

Olá, pessoal. Tudo bem com você? Hoje vou falar sobre a divisão das varizes ou, mais precisamente, da doença varicosa em classes.

O que quero dizer com classes de varizes?

Como falamos no artigo anterior, as varizes são sim uma doença (você pode conferir esse artigo clicando aqui).

E como tal, ela possui classificações que avaliam sua progressão de piora conforme a evolução da doença se não for tratada.

Nós pensamos nas varizes como aqueles vasinhos fininhos e indesejados, que ficam em evidência nas pernas e te atormentam quando você queria ir na praia ou na piscina.

Mas o que pouco se ouve falar é que essa é apenas a apresentação inicial das varizes, como elas se iniciam.

Por isso estes vasinhos, que recebem o nome de telangiectasias (já falamos sobre os tipos de varizes e microvarizes aqui neste outro artigo bem legal), são justamente a primeira etapa.

Nem todos os quadros de varizes, nem mesmo aqueles sem tratamento, irão evoluir para os estágios avançados.

Isso ocorre pois a progressão depende de uma série de fatores, incluindo tendências genéticas (confira este artigo sobre o que pode dar varizes).

Algumas pessoas têm varizes mas sua progressão seria tão lenta que demoraria décadas para se desenvolverem até os últimos estágios.

Existe mais de uma classificação de varizes?

Mais de uma não. Existem várias classificações. Porém, este blog não é feito para médicos e sim para você e meu objetivo é trazer um conteúdo relevante e prático pra você, com uma linguagem simples.

Por isso vamos esquecer as dezenas de classificações que existem e dar destaque a que é considerada mais prática: a escala CEAP.

Classificação CEAP

A escala CEAP surgiu com o objetivo de padronizar a doença varicosa para comparar entre os muitos estudos sobre varizes ao redor do mundo
1. de onde partiam os estudos, ou seja, seu ponto inicial
2. como era a resposta aos tratamentos nos mesmos estágios de doença.

Seria muito complicado julgar a validade de um estudo se cada um descrevesse o quadro como bem entendesse, sem uma padronização.

Por conta disso surgiu a classificação CEAP da doença varicosa ou doença venosa crônica e muitas outras classificações.

A classificação CEAP é na verdade um acrônimo, ou seja, cada letra é referente a um aspecto da avaliação. Ela significa:
C – avaliação clínica: como é o exame e o aspecto visível das veias.
E – etiologia: sobre a origem das varizes, resumindo, se o problema é herdado ou não.
A – anatomia: sobre a localização das varizes envolvidas.
P – fisiopatologia (pathophysiology, em inglês): sobre quais funções estão anormais, por exemplo, se existe refluxo, ou se o fluxo está bloqueado etc.

Resumindo, a classificação CEAP descreve o que o médico vê no exame físico, a causa do problema, a localização na perna e o mecanismo responsável pelo problema.

Você deve estar se perguntando: “você disse que era prático. Isso é o mais prático que você tem pra mim?”

Caaaaalma… de todos esses o mais importante e usado pra descrever as varizes é o aspecto clínico, logo, vamos descrever só a letra C.

A classificação tem 7 graus, que vão de C0 a C6, que são os seguintes:

  • C0 – é o paciente de menor gravidade. Aqui não há sinal de doença visível ao exame físico, mas podem haver sintomas.
  • C1 – paciente já tem microvarizes, ou seja, telangiectasias e reticulares (clique aqui para rever os tipos de varizes)
  • C2 – paciente que já tem varizes propriamente ditas (aquelas maiores que 3 milímetros de diâmetro)
  • C3 – indica que há presença de inchaço ou edema nas pernas
  • C4 – aqui já estão presentes alterações da pele e tecido subcutâneo (gordura). Por exemplo, escurecimento da pele (dermatite ocre) ou espessamento dos tecidos (dermatofibrose)
  • C5 – aquele paciente com úlcera cicatrizada, ou seja, que já esteve no estágio C6 e regrediu devido a cicatrização da sua úlcera
  • C6 – paciente com úlcera aberta. Estágio mais grave da doença.

O método CEAP de classificação de varizes tem desvantagens?

Como tudo na vida, não dá pra ser perfeito. O CEAP, por exemplo, não é uma classificação tão completa, pois não considera outras complicações além da úlcera.

Além disso, desconsidera totalmente os sintomas e o impacto social da doença na vida do paciente. Para isso existe uma outra classificação mais adequada, o Venous Clinical Severity Score (Grau de Gravidade de Clínica Venosa, segundo tradução minha mesmo 😁)

Quais são as vantagens do método CEAP?

O CEAP é a língua oficial dos médicos e pesquisadores quando o assunto é varizes e doença venosa. É a classificação que padroniza os estudos de varizes pelo mundo.

Além disso, é uma classificação extremamente simples e por isso pode ser usada na comunicação com os próprios pacientes e, o que mais importa, acompanhar a resposta aos seus tratamentos.

O objetivo é sempre trazer os pacientes de volta aos menores graus da doença.

Portanto vimos que a doença varicosa é progressiva e, se não tratada, pode chegar a graus extremos como a presença de úlceras.

Espero ter conseguido por tabela fazer que você entenda a importância de todo tratamento de saúde, seja as varizes ou qualquer outro.

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Filipe Damasceno

Cirurgião Vascular Especialista em Tratamento de Varizes e Flebologia Estética. Apaixonado por família, judô e cachorros.

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Cirurgião Vascular especialista em doenças Venosas e Tratamento de Varizes. Natural de Niterói, vive e atua na mesma cidade. Atualizado em diversos cursos na área de Flebologia Estética, que é a aplicação de recursos minimamente invasivos para o tratamento dos sintomas e melhora da aparência relacionados às veias e varizes. Atua em diversos tratamentos como Escleroterapia Convencional e Ampliada, Escleroterapia com Espuma, microcirurgias dentre outros.