REFLUXO de Veia Safena

Não é sempre que precisa de Tratamento

Filipe Damasceno // 21 de Julho de 2024

Olá! Tudo bem com você? Geralmente os pacientes recebem a notícia de um refluxo de safena como se fosse o mesmo que a notícia de uma doença terminal.

Mas na verdade não é nada nem perto disso!

Você talvez tenha recebido essa notícia do seu médico vascular ou (o mais provável) você não se aguentou e foi olhar o laudo do exame de doppler que acabou de fazer e encontrou a tal palavrinha mágica “refluxo” lá e foi aonde? No doutor Google pra saber o que é isso e se você está condenada ou não. Foi assim ou não foi?

Ah, talvez você não tenha encontrado o “refluxo” mas achou outras palavrinhas difíceis como “insuficiência” ou “incompetência” das veias. Isso tudo quer dizer a mesma coisa.

Mas e agora? O que quer dizer isso? Precisa operar? Tem alguma outra saída? Quais situações que precisa ou não precisa tratar um refluxo de safena?

Talvez esse artigo venha a te tranquilizar, OU NÃO. Mas é sobre isso que nós vamos falar hoje! Vamos lá?!

Tem um outro artigo bem legal que eu expliquei o que são as veias safenas e respondi dúvidas como: o que é o refluxo nas veias. Eu vou deixar esse artigo AQUI pra você conferir depois.

Lá eu até dei uma pincelada sobre quais situações precisa tratar uma veia com refluxo, mas talvez tenha ficado um pouco confuso então aqui eu vou falar sobre isso de forma bem mais “cautelosa”.

Mas resumindo, as safenas são as principais veias superficiais, aquelas mais próximas da pele das pernas. Por serem as principais, possivelmente o refluxo quando existe é em alguma delas. Mas pode existir refluxo em outras veias menores também.

O que é esse tal de REFLUXO?

Com o tempo, ao longo de muitos e muitos anos nesse árduo trabalho de levar sangue contra a gravidade de volta ao coração, dependendo da sua tendência indivisual, as veias das pernas vão se “cansando”, ou seja, as suas paredes vão se enfraquecendo e dilatando, tornando as veias tortuosas e aumentadas de tamanho, muitas vezes dando aquele aspecto tão indesejado.

Devido à dilatação, algumas veias já não conseguem garantir que o sangue flua no sentido do coração. Quando isso acontece, leva ao tal REFLUXO, que nada mais é do que quando o sangue reflui, ou seja, flui no sentido invertido.

Pra você conseguir entender melhor, aí na sua casa quando a gente quer levar água da cisterna pra caixa d’água, a gente bota um caninho bem fino. Você não bota uma cano grosso, como um cano de esgoto pra levar água pra cima senão iria precisar de uma bomba muito forte lá atrás.

O que acontece com as varizes é exatamente isso. De início é um caninho fino e depois vai se tornando um cano mais grosso.

Isso aumenta a dificuldade do sangue subir e faz com que uma parte do sangue se acumule nas partes mais baixas das pernas. Esse acúmulo é o que pode gerar sintomas como sensação de peso, cansaço, dor, inchaço e o próprio surgimento de mais varizes.

E agora que o refluxo já está lá, tem que operar?

Bem, a resposta para essa pergunta não é tão simples. Mas já pra tranquilizar um pouco o seu coraçãozinho, não, nem todo refluxo precisa necessariamente de tratamento.

O paciente precisa ser avaliado como um todo. Devem ser levadas em consideração a idade, as queixas e achados no exame físico e no exame de doppler.

Antigamente era assim: varizes = tira a safena. Hoje em dia não é mais assim. Hoje sabemos que papai do céu não colocou nada à toa na gente. A sua safena tem as suas funções no organismo e se ela está cumprindo o papel dela, deixa ela lá.

Por isso a gente usa critérios pra condenar uma safena ou não. Algumas questões que precisam ser avaliadas:

1. O refluxo está em um pedaço da veia safena ou nela toda?
Existem refluxo total, quando acomete toda a veia. Subtotal, quando acomete quase toda a veia e refluxo segmentar quando acomete apenas um pedaço menor da veia. Quanto menor, menor a chance de precisar tratar a safena.

2. O refluxo é um refluxo longo ou um refluxo curto?
Ou seja, o sangue fica voltando quando a gente faz aquelas manobras de ficar te apertando no exame de doppler ou ele reflui e logo torna a subir. Existe um grau de refluxo que pode ser até considerado fisiológico ou normal.

3. A veia safena já está dilatada?
Quando a safena adoece, suas paredes vão se enfraquecendo com o tempo e a veia pode começar a se dilatar. Mas não é em todo refluxo que a veia estará dilatada. Se for o caso, sem dilatação menor a necessidade de tratamento.

4. O paciente tem sintomas?
O refluxo está causando sintomas? Esses sintomas são fortes? São restritivos, ou seja, chegam a prejudicar a vida ou o trabalho da pessoa? Os sintomas são iguais em ambos os membros?

5. O refluxo está provocando varizes (veias mais grossas?)
A perna com o refluxo tem varizes ou o exame foi feito somente pelos sintomas ou alguma outra suspeita?

6. As varizes apresentadas são ocasionadas pelo refluxo?
Caso tenha varizes, elas tem maior probabilidade de serem causadas pelo refluxo ou não? Nem todo território do membro tem relação com as safenas.

Por exemplo, a safena corre pela parte de dentro ou interna do membro. Varizes na face lateral, ou quadril, bumbum etc, essa área de fora não costumam ter relação com o refluxo.

Outro exemplo, se a paciente tem o mesmo nível de varizes nas duas pernas, mas o refluxo só apareceu em uma delas, não faz muito sentido esse refluxo ter relação com as varizes. Isso vale também para os sintomas.


E ainda tem outras coisas que são levadas em consideração que nem vou falar aqui que envolvem cálculos e complica tudo.

Dependendo da resposta à essas perguntas, a gente pode decretar que mesmo com o refluxo a safena continua cumprindo bem o seu papel, cumprindo a função de levar o sangue de volta ao coração e não causando nenhum prejuízo à circulação.

Então é o conjunto da resposta de todas essas perguntas que vai guiar o tratamento (ou não) e não somente a mera presença de um laudo alterado.

Assim, portanto, a veia pode ser preservada (e devidamente acompanhada, claro) ou deve ser tratada. Veja bem que eu disse tratada e não necessariamente retirada.

O maior erro em relação ao refluxo

Um grande erro e um muito comum é aquele paciente que chega e durante a consulta já fica te empurrando o laudo de um exame de doppler pra você olhar.

A gente vai conversando e eu tentando entender o caso a fundo, mas parece que algumas pessoas não estão nem aí. Elas querem que você trate o que diz no laudo do exame!

Isso é muito ruim. Não vou nem falar daqueles laudos que são totalmente incompatíveis com a clínica da paciente. Vamos considerar que o laudo esteja realmente correto.

Mas mesmo esses, não são a parte mais importante do tratamento. Muitas alterações do exame de doppler não são dignas de tratamento.

Muitas vezes a alteração é apenas um achado de exame e não tem nenhuma correlação com as varizes ou os sintomas que a paciente vem apresentando.

E ao tratar essas alterações, você não só não vai melhorar a queixa da paciente como pode correr o risco de complicações e efeitos colaterais de um tratamento desnecessário.

Portanto, o exame é parte importante do processo, mas nem sempre é o mais importante. Mais uma vez, confie no seu médico! Ele deve ser capaz de orientar qual é o tratamento mais indicado especificamente pro SEU caso.

Tratar a prática ou a paciente é muito diferente de tratar um papel!!


Esse assunto, como eu disse, sempre gera muita dúvida e muita apreenssão. Então eu vou fazer uma parte 2 na próxima semana pra explicar agora os possíveis tratamentos das safenas doentes.

Nunca é demais falar também que não vai ser você a definir se sua safena precisa de tratamento né?! Mas sim você, após ouvir a recomendação do seu médico vascular, podem definir juntos a indicação do melhor tratamento quando for indicado.

Se permita receber ajuda nessa transformação. Conte comigo e com a minha equipe para o tratamento das suas varizes e viva plenamente.

E lembra: ESSA VIDA SEM VARIZES EXISTE!!

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Espero ter ajudado e em caso de dúvida pode fazer contato comigo. Você pode encontrar meus contatos e agendamento online clicando aqui.

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Filipe Damasceno

Cirurgião Vascular Especialista em Tratamento de Varizes e Flebologia Estética. Apaixonado por família, judô e cachorros.

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Cirurgião Vascular especialista em doenças Venosas e Tratamento de Varizes. Natural de Niterói, vive e atua na mesma cidade. Atualizado em diversos cursos na área de Flebologia Estética, que é a aplicação de recursos minimamente invasivos para o tratamento dos sintomas e melhora da aparência relacionados às veias e varizes. Atua em diversos tratamentos como Escleroterapia Convencional e Ampliada, Escleroterapia com Espuma, microcirurgias dentre outros.